26/05/2021 às 15h15min - Atualizada em 26/05/2021 às 15h15min

E após um ano com o vírus mais letal, estaríamos nós perdidos?

O que muita gente já sabia veio à tona no final de semana, após vereadores fiscalizarem três equipamentos de suporte no atendimentos a pacientes Ácidas da Política

Pois é, vejam como são as coisas, foi necessário mais de um ano para a classe política de nossa cidade, chegar à conclusão que se faz necessário um Hospital de Campanha em São Carlos, para enfrentar o poderoso COVID-19 e suas variantes. Sim, temos alguns políticos que desde o ano passado foram contrários ao uso do ginásio Milton Olaio como Hospital de Campanha, conforme era o desejo na época. O presidente da CPI da Saúde, vereador Marquinho Amaral, era um deles.

Mas de nada adiantou

Aqui na coluna mesmo, foram inúmeras vezes que tratamos do tema, mas sem sucesso. Enquanto isso, ficaram enfiando dinheiro lá no ginásio, sem utilizá-lo. Até que retiraram da cartola um coelho e deram uma utilidade a ele para justificar o que já havia sido gasto. Transformá-lo em Centro de Triagem ou Covidário como é conhecido.

A bomba explodiu

Tudo ia bem até explodir os casos de COVID em São Carlos, até os leitos de UTIs ficarem lotados e não ter mais para onde mandar os pacientes em estado grave. E transforma UPA da Santa Felícia em um ponto de apoio só para infectados por COVID, usa a UPA da Aracy e por aí vai. Mas nada segura o vírus, a cada dia aumentam os casos, aumentam as mortes e aumenta a necessidade de novos leitos.

Fiscalização

Até que no último domingo (23), os vereadores que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Câmara Municipal de São Carlos para apurar possíveis irregularidades na gestão da Secretaria Municipal de Saúde quanto ao combate da pandemia de Covid-19 vistoriaram equipamentos públicos de saúde com o objetivo de verificar as condições de trabalho dos funcionários e de atendimento prestado aos pacientes vítimas da Covid-19.

Quem são os vereadores

A CPI da Saúde é composta pelos vereadores Marquinho Amaral (PSDB), que preside a Comissão, Elton Carvalho (Republicanos), Bruno Zancheta (PL), Azuaite Martins de França (Cidadania) e Dé Alvim (Solidariedade).

Milton Olaio

A primeira visita ocorreu no Centro de Atendimento e Triagem de Síndrome Gripal, lá no Milton Olaio Filho onde os vereadores identificaram que o local é inapropriado para o funcionamento dos leitos de observação e internação, que o prédio é frio e sem a estrutura mínima adequada para abrigar um equipamento público de saúde como o Centro de Atendimento e Triagem de Síndrome Gripal.

Detalhe

Faz um ano que o mundo falava que o ginásio era impróprio, mas insistiram nele.

Mas não é só isso

Os vereadores em conversa com a equipe de profissionais do Covidário perceberam que falta motivação e existe uma revolta pela inexistência de estrutura básica adequada, como lençóis e cobertores para os leitos, e de equipamentos médicos suficientes para o atendimento adequado.

Grave

Ainda no ginásio os vereadores encontraram uma paciente tremendo de frio por falta de cobertores, a qual já estava há mais de 48 horas internada com a saturação de oxigênio em 85% e com a oxigenação em 15 litros por minuto. Essa paciente deveria, portanto, ter sido transferida para uma unidade de saúde de alta ou média complexidade. A paciente veio a óbito na madrugada da segunda-feira (24). As condições de atendimento do Centro de Atendimento e Triagem de Síndrome Gripal foram consideradas desumanas pelos membros da CPI da Saúde.

Aracy

Depois os vereadores foram até a UPA do Aracy e lá encontraram funcionários desmotivados, sobretudo porque a unidade continua com o atendimento a casos gerais de saúde e pacientes contaminados pela Covid-19. Dois pacientes estavam intubados na UPA do Cidade Aracy colocando em risco de contaminação pacientes de outras enfermidades que não a Covid-19.

Sem capacitação

Os profissionais desta unidade relataram aos vereadores não ter capacitação técnica necessária para prestar atendimento de intubação e de Unidade de Terapia Avançada (UTI), além de falta de estrutura física adequada para a internação. Não existe na UPA do Cidade Aracy, por exemplo, serviço de hotelaria e alimentação para os pacientes internados.

Santa Felícia

Na UPA do Santa Felícia que por decisão da Secretaria Municipal de Saúde, passou a atender exclusivamente os casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 desde o dia 7 de abril de 2021, os vereadores encontraram um paciente intubado e um sendo transferido para a Santa Casa. Outros seis pacientes infectados pela Covid-19 estavam no leito de enfermaria.

Sem condições

No local também houve relato de funcionários e pacientes sobre a falta de cobertores, lençóis. No horário da visita à UPA do Santa Felícia havia apenas um médico responsável pelo atendimentos dos pacientes.

Subutilização

Os vereadores em conversa com os profissionais evidenciaram que a UPA do Santa Felícia estaria sendo subutilizado, uma vez que a unidade atendia cerca de 250 pessoas por dia e que agora passou a atender o número expressivamente menor.

Conclusões parciais I

Com base no diagnóstico e informações obtidas presencialmente nas visitas realizadas no domingo os vereadores concluíram o seguinte

Primeiro

Eles entendem que o município não tem um protocolo de atendimento e transferência eficiente para ser seguido e que a Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde (Cross) está sendo mal utilizado.

Segundo

A paciente em estado grave internada há 48 horas no Centro de Atendimento e Triagem de Síndrome Gripal e que faleceu na madrugada da segunda-feira (24) deveria ter sido transferida para uma unidade melhor preparada, como a UPA do Santa Felícia que estava subtilizada.

Terceiro

Ficou evidente a inexperiência de parte da equipe profissional e dificuldades técnicas para procedimentos mais complexos, como intubação.

Quarto

Além de pouco utilizada, a UPA do Santa Felícia está sem estrutura adequada para ser referência de Covid e que de acordo com o pactuado com a Câmara Municipal, a UPA do Cidade Aracy não prestaria atendimento de Covid-19.

Quinto

Os integrantes da CPI da Saúde chegaram ao entendimento que o município necessita da instalação de um Hospital de Campanha que funcione com base em rigoroso protocolo de atendimento, com médicos e demais profissionais de saúde com experiência comprovada no atendimento a pacientes graves de Covid-19.

A reunião

Bom feito tudo isso, na terça-feira de manhã aconteceu uma reunião dos vereadores da CPI com o prefeito Airton Garcia Ferreira, secretário municipal de Saúde, Marcos Palermo e do chefe de gabinete da Prefeitura, José Pires (Carneirinho).

Deliberações e Propostas

Durante a reunião foram tomadas deliberações e feitas propostas acatadas pelo prefeito e pelo secretário, entre elas a realização de testagem em massa no bairro Cidade Aracy, a implantação de um hospital de campanha com 20 leitos (10 semi intensivos e 10 de enfermaria) em local a ser definido, e instalação, nas dependências da FESC na Vila Nery, de uma unidade para recuperação de pacientes Pós-Covid, com equipe multidisciplinar. Além de continuar a testagem de Covid no Ginásio Milton Olaio Filho e, com a ativação do Hospital de Campanha, a UPA do Santa Felícia retomará o atendimento normal.

Mas no jornal

Porém em entrevista ao Jornal Primeira Página o secretário Marcos Palermo, diz pediu uma avaliação financeira à Secretaria de Municipal de Fazenda para a contratação de quatro equipes médicas para dar andamento ao projeto do hospital de campanha em São Carlos. Ele alegou falta de verba e investimento dos governos estadual e federal para justificar a inexistência do hospital de campanha em São Carlos.

TCE

O problema será como explicar isso ao Tribunal de Contas do Estado, pois mensalmente o órgão divulga dados em relação ao enfrentamento da pandemia e até setembro do ano passado, aparecia nas planilhas que São Carlos tinha um Hospital de Campanha. Está lá no site do TCE.

Sem repasses

Palermo também disse que desde novembro do ano passado a cidade não recebe verba dos governos federal e estadual para combater a Covid-19. “Tudo que está sendo feito são com recursos da própria Prefeitura”, alegou.

Painel mostra outra coisa

Mas o painel COVID do TCE mostra o contrário. Em janeiro e fevereiro deste ano não ocorreram repasses do Estado ou União, mas em março e abril o painel consta repasses no valor de pouco mais de R$ 8 milhões, sendo R$ 3,9 milhões do Governo do Estado e R$ 4,1 milhão da União.

Enfim

A impressão que dá é que giramos, giramos, giramos e voltamos para o mesmo lugar, não digo à estaca zero, mas voltamos a questão da montagem de um Hospital de Campanha. A pergunta que fica é: De onde virão os recursos agora?

Até sexta

“A inoperância e a falta de gestão na saúde matou e matara pessoas que poderiam ser salvas”. (Vereador Marquinho Amaral em comentário feito em sua rede social). Fale conosco: [email protected]

 

 


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