Um advogado, que não teve a identidade revelada, foi preso em Itirapina (SP) nesta terça-feira (15) em uma ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco) com o apoio da Polícia Civil.
Ele é investigado por integrar uma banca que praticava advocacia predatória. O g1 não conseguiu contato com a defesa dele.
A operação cumpriu mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão. As equipes apreenderam R$ 214,8 mil em dinheiro.
Os mandados são decorrentes da “Operação Predador”, deflagrada em junho de 2022. A investigação apurou a conduta de advogados da cidade que atuavam receptando dados privilegiados, “proporcionando a demanda em massa em desfavor de várias instituições financeiras”.
Segundo o Ministério Público, enquanto os réus respondiam em liberdade, o advogado preso nesta terça violou as medidas cautelares anteriormente fixadas, continuando a advogar por intermédio da assinatura de terceiros, recebendo valores, além de ter, segundo denúncias, cooptado testemunhas para depor em seu favor.
Dinheiro apreendido durante a operação do Gaeco com o apoio da Polícia Civil de Itirapina — Foto: Polícia Civil
No cumprimento do mandado, foi apreendido o dinheiro cuja origem não foi comprovada, já que as contas bancárias do advogado estão bloqueadas judicialmente.
A operação nesta manhã reuniu policiais civis de Itirapina, promotores de Justiça do Gaeco e foi acompanhada por um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O advogado preso passou por audiência de custódia e foi encaminhado para a cadeia de Rio Claro.
Investigação
Segundo a investigação, por vários anos os advogados receptaram dados sigilosos de grandes instituições, sobretudo financeiras, e passaram a formar parcerias com escritórios do Brasil inteiro.
De acordo com o Ministério Público, os profissionais compartilhavam as listas sigilosas, a fim de que o escritório parceiro assediasse os clientes com a promessa de recebimento de quantia proveniente de ação judicial.
Com isso, causavam prejuízos não só ao Poder Judiciário, mas também à própria classe, cujos integrantes foram impedidos da oportunidade de atuar em inúmeros processos judiciais pela informação privilegiada obtida pelos investigados.
Apenas contra o Banco do Brasil, os investigados ajuizaram mais de 20 mil demandas em mais de 468 comarcas, segundo o MP.
Por conta disso, o Gaeco já havia obtido o bloqueio de R$ 97 milhões, uma estimativa do lucro conseguido por meio de atuação predatória, baseada em documentos sigilosos receptados.
O bloqueio também servirá para garantir a indenização por dano moral requerida à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em um total de R$ 12 milhões.