25/01/2023 às 08h21min - Atualizada em 25/01/2023 às 08h21min

Polícia Civil de SP encolheu 24% nos últimos 12 anos

Em média, 694 policiais civis deixaram a Instituição a cada ano; morosidade dos concursos não supre o déficit de profissionais

Assessoria de imprensa/ADPESP
Polícia Civil de SP encolheu 24% nos últimos 12 anos
 
A Polícia Civil do estado de São Paulo encolhe a olhos vistos. Nos últimos 12 anos (2011-2022), a Instituição perdeu 8.329 policiais, média de 694 ao ano. Seja por aposentadoria, mudança de estado ou de carreira, exonerações ou morte em serviço, é notória a crescente evasão de policiais no estado mais rico do país, bem como a morosidade dos concursos realizados.
 
O levantamento feito pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), via Lei de Acesso à Informação (LAI) mostra que em 2011 a Polícia Civil contava com efetivo de 34.684 policiais, ao passo que em 2022 esse número caiu para 26.355 policiais na ativa, o que representa um encolhimento de 24%.
 
Problema crônico
 
O déficit de policiais civis em São Paulo tornou-se um problema grave tanto para a Polícia quanto para a sociedade. “Temos muitos policiais acumulando serviço de dois ou às vezes três. No interior do estado, por exemplo, são muitos os casos de sobreaviso ininterrupto que duram até 30 dias. Isso é desumano”, afirma o presidente da ADPESP, Gustavo Mesquita Galvão Bueno. O delegado complementa: “a sobrecarga dos policiais acaba afetando a qualidade do serviço prestado à população”.
 
Entre as razões para a curva ascendente do déficit está a baixa atratividade da carreira policial, que além de salários defasados, não possui um plano objetivo para ascensão profissional. “O estado de São Paulo paga um dos piores salários para os policiais civis; no caso dos delegados, é o quarto pior salário de todo o país. São muitos os relatos de policiais vocacionados que deixam a Instituição para exercer a carreira em outros estados que remuneram melhor”, pontua Mesquita.
 
O presidente da ADPESP destaca também que a falta de perspectiva de progressão funcional é outro fator desfavorável. “Na Polícia Civil não há um plano de carreira estruturado e qualificado, com critérios objetivos para promoção de classe. Muitas vezes, um policial só é promovido a partir de um apadrinhamento político, desmotivando toda uma classe que já trabalha sobrecarregada”, afirma.
 
Enxugando gelo
 
Para além dos baixos salários, da falta de perspectiva de crescimento e das jornadas de trabalho extenuantes, a lentidão dos concursos contribui diretamente com o acúmulo de cargos vagos. Desde a reestruturação das carreiras policiais (Leis Complementares 1.151 e 1.152/2011), prevendo efetivo de 40.683 policiais civis, o déficit segue uma curva ascendente.
 
Em 2011, eram cerca de seis mil cargos vagos. Atualmente, os claros na Polícia Civil ultrapassam 14 mil. “Podemos dizer que a Polícia Civil de São Paulo está enxugando gelo, na medida em que realiza um concurso, investe na formação do policial e posteriormente o perde para outros estados ou outras carreiras”, detalha Gustavo Mesquita.
 
O presidente da ADPESP defende a realização de concursos anuais, com certames e curso de formação mais céleres. “Com organização e planejamento, é possível sim mitigar o déficit na Polícia Civil paulista. Aliando a reposição do efetivo e a valorização dos policiais, conseguiremos reter esses profissionais na Instituição, trabalhando com dignidade e motivados em prol da sociedade”, conclui Mesquita.

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