27/07/2022 às 14h05min - Atualizada em 27/07/2022 às 14h05min

Espetáculo de teatro “Traga-me a cabeça de Lima Barreto” é atração no Sesc São Carlos

O monólogo interpretado por Hilton Cobra, criador da Companhia dos Comuns do Rio de Janeiro, acontece no teatro do Sesc, no dia 28 de julho

 
Escrita pelo diretor e dramaturgo Luiz Marfuz, especialmente para comemorar os 40 anos de carreira do ator Hilton Cobra, com direção de Onisajé (Fernanda Júlia), a peça mostra uma imaginária sessão de autópsia na cabeça de Lima Barreto, conduzida por médicos eugenistas, defensores da higienização racial no Brasil, na década de 1930.

O propósito seria esclarecer “como um cérebro considerado inferior poderia ter produzido uma obra literária de porte se o privilégio da arte nobre e da boa escrita é das raças tidas como superiores?”. A partir desse embate, a peça mostra as várias facetas da personalidade e da genialidade de Lima Barreto, refletindo sobre loucura, racismo e eugenia, a obra não reconhecida e os enfrentamentos políticos e literários de sua época.

A narrativa ganha força com trechos dos filmes “Homo Sapiens 1900” e “Arquitetura da Destruição” – ambos cedidos gentilmente pelo cineasta sueco Peter Cohen – que mostram fortes imagens da eugenia racial e da arte censurada pelo regime hitlerista. O cenário, de Marcio Meirelles – um manifesto de palavras – contribui para a força cênica juntamente com o figurino de Biza Vianna, a luz de Jorginho de Carvalho, a direção de movimento de Zebrinha, a música de Jarbas Bittencourt e a direção de vídeos de David Aynan.

Os atores Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Déda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade – todos amigos e admiradores do trabalho de Cobra, emprestam suas vozes para a leitura em off de textos de apoio à cena.
Hilton Cobra reconhece a importância de se fazer um tributo a Lima Barreto – um autor tão pisoteado, tão injustiçado, que pensou tão bem esse Brasil, abriu na literatura brasileira ‘a sua pátria estética’, os pisoteados, loucos, os privados de liberdade – esses são os personagens do escritor.

“Existe uma urgência em frear a perpetuação das estruturas sociais e raciais no Brasil que insistem em colocar homens e mulheres pretos como cidadãos de segunda classe... e diante dos efeitos causados pela pandemia à população negra e pobre, acreditamos que o espetáculo se mantém atual e necessário para refletir e debater racismo, eugenia” explica Cobra.
Lima Barreto

Afonso Henriques de Lima Barreto foi o crítico mais agudo da época da República Velha no Brasil, rompendo com o nacionalismo ufanista e pondo a nu a roupagem da República, que manteve os privilégios de famílias aristocráticas e dos militares. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 1881, sete anos antes da abolição da escravatura, sua vida é recheada de acontecimentos polêmicos, controversos e trágicos.

Em sua obra, de temática social, privilegiou os pobres, os boêmios e os arruinados. Foi severamente criticado por escritores contemporâneos por seu estilo despojado e coloquial, que acabou influenciando os escritores modernistas. Lima queria que a sua literatura fosse militante. Escrever tinha finalidade de criticar o mundo circundante para despertar alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na sociedade, privilegiavam pessoas e grupos

Ficha Técnica (Criação):

Hilton Cobra – Ator | Luiz Marfuz – Dramaturgia | Onisajé (Fernanda Júlia) – Direção | Cenário: Vila de Taipa (Erick Saboya, Igor Liberato e Márcio Meireles) | Desenho de Luz: Jorginho de Carvalho e Valmyr Ferreira | Figurino: Biza Vianna | Direção de Movimentos: Zebrinha | Direção Musical: Jarbas Bittencourt |Direção de vídeo: David Aynan | Produção executiva: Lud Picosque e Ruth Almeida | Fotos: Adeloyá Magnoni, Leandro Lima, Kaian Alves, Valmyr Ferreira e Vinicius César | Operador de áudio e vidéo: Duda Fonseca | Operador de luz: Lucas Barbalho | Participações especiais (voz em off): Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade 

Essa apresentação faz parte da programação do Diversos 22, ações relacionadas ao centenário da Semana de Arte Moderna e ao bicentenário da Independência do Brasil

Link –
Vídeo/youtube: https://www.youtube.com/watch?v=eBGS-irp0XY 

Serviço:

Data: 28 de julho, quinta-feira.

Horário: 20h.
Ingressos: R$ 30,00 (inteira); R$ 15,00 (meia); R$ 9,00 (credencial plena). Ingressos limitados. 12 anos
Local: Unidade São Carlos – Av. Comendador Alfredo Maffei, 700 – Jd. Gibertoni – São Carlos – SP
 

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