O ginásio esportivo da UFSCar ficou pequeno na noite desta segunda-feira (23) para abrigar os milhares de estudantes, técnico-administrativos e docentes na Assembleia Geral que decidiu paralisar as atividades no campus até o dia 3 de junho.
O grupo protestou contra o governo federal interino e as mudanças propostas, sobretudo à extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Controladoria Geral da União e o pagamento de mensalidades na pós-graduação, mas também contra o fim dos direitos trabalhistas e do acesso universal à Saúde e Educação Pública.
Mais de 2 mil pessoas se deslocaram para o gramado, ao lado do ginásio, e permaneceram até o início da madrugada desta terça-feira (24) para participar da votação. Entre os participantes, havia estudantes favoráveis e contrários à interrupção das aulas. Ao final da assembleia ficou decidida a paralisação das aulas, com indicativo de greve, até o dia 3 de junho. No dia 6 haverá uma nova assembleia. Os demais serviços do campus, como funcionamento de departamentos e laboratórios, funcionam normalmente. A ADUFSCar e o SintUFSCar devem realizar assembleias para deliberar sobre o assunto nesta semana.
Os coletivos de estudantes pretendem manter uma série de ações e atividades, como aulas públicas, grupos de trabalhos e rodas de conversa, no campus e na cidade.
História – A assembleia realizada neste dia 23 de maio de 2016 não poderia ser mais simbólica e marcada de história. Há exatos 48 anos, em 23 de maio de 1968, o General Costa e Silva, presidente da República sob o regime militar, assinava o decreto de número 62758 que instalava a Universidade Federal de São Carlos. As atividades letivas se iniciariam no dia 13 de março de 1970, com 96 alunos nos cursos de Engenharia de Materiais e Licenciatura em Ciências. Hoje, a UFSCar mantém 4 campi, 62 cursos de graduação e quase 15 mil alunos.
A assinatura do decreto que instalou a UFSCar precedeu em alguns meses o Ato Institucional número 5, o AI 5, cuja assinatura ocorreu em 13 de dezembro de 1968, durante o governo despótico do general Costa e Silva, e que foi a expressão mais tirânica da ditadura militar brasileira. O ano de 1968 – “ano que não acabou” – ficaria marcado na história brasileira como um momento de grande contestação política e de protagonismo do movimento estudantil.