02/09/2013 às 21h53min - Atualizada em 02/09/2013 às 21h53min

Museu de ciências naturais prepara gorila para exposição com técnicas da Embrapa

Uma técnica utilizada para a produção comercial de couro, principalmente de bovinos, foi aproveitada pelo Museu de Ciências Naturais PUC Minas, em Belo Horizonte. A parceria inusitada aproximou a pesquisa desenvolvida na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) e as atividades de preservação de animais silvestres e divulgação da ciência.

Em agosto, essas trajetórias distintas foram unidas por um episódio curioso: o museu precisava "preparar" um animal para exposição. O gorila Idi Amin morreu em março do ano passado no zoológico de Belo Horizonte, onde vivia há 37 anos.

Seu corpo foi doado ao museu da PUC. Uma das principais atrações do parque, era o único gorila em cativeiro na América do Sul, além de pertencer a uma espécie em extinção. A equipe do museu passou a buscar uma técnica mais elaborada de taxidermia (montagem de animais para exibição ou estudo), para que Idi Amin fosse exposto ao público com a melhor qualidade possível.

De acordo com o biólogo Leandro de Oliveira Marques, o grupo já pensava em substituir a técnica tradicional por algo mais avançado. "Quando recebemos o Idi Amin, um ícone na cidade, vimos a oportunidade de inovar", explica. A principal etapa da preparação de um animal para exposição é o curtimento da pele, para que se transforme em couro. Por isso, os taxidermistas do museu fizeram uma pesquisa para encontrar uma técnica que deixasse a pele macia, durável e maleável para se adaptar ao manequim. Foi quando souberam dos trabalhos com couro do pesquisador Manuel Antônio Chagas Jacinto, da Embrapa Pecuária Sudeste.

A técnica antiga, baseada no curtimento com compostos à base de alumínio, deixava o couro quebradiço com o passar dos anos. O treinamento foi ministrado na Embrapa, durante três dias, no início de agosto. O museu de BH aproveitou e trouxe a pele de Idi Amin, que já passou pelo curtimento. Agora, de volta à capital mineira, Leandro trabalha na redução da espessura do couro, para iniciar a montagem no manequim. Tarefa que levará vários dias, uma vez que o gorila possuía 1,80 m de altura e pesava mais de 200 quilos.

Em seguida, o couro será aplicado em um manequim de poliuretano, como uma roupa a ser vestida. Começa então a etapa de acertar todos os detalhes, como preencher os lábios, as orelhas, o focinho, entre outras partes que darão "vida" novamente a Idi Amin. O trabalho continua com a produção de cenário e iluminação. Para o biólogo, o encontro com a Embrapa foi uma grata surpresa. "Desconhecemos qualquer grupo de taxidermia no Brasil que utilize essa técnica inovadora.

Para nós, tudo o que aprendemos foi 100% novo", afirma. Os conhecimentos adquiridos devem contribuir para que o País avance nessa área, em que os Estados Unidos são referência. O Museu de Ciências Naturais está fechado devido a um incêndio ocorrido no início do ano. A reabertura, prevista para os próximos meses, terá como principal atração a exibição de Idi Amin. O gorila será exposto num cenário tridimensional, reproduzindo as savanas africanas de onde ele veio. A parceria mostra a importância de combinar diferentes conhecimentos em benefício da ciência e da preservação da história natural.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://saocarlosdiaenoite.com.br/.
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp